As diferenças no discurso de homens e mulheres sobre o aborto
O debate sobre a descriminalização do aborto esquentou no Brasil e é claro que o tema invadiu as redes sociais. Para descobrir o que o pessoal anda falando sobre o assunto, exploramos as redes no período em que antecedeu as audiências públicas realizadas no STF no dia 7 de agosto, e revelamos uma discussão extremamente polarizada e marcada por homens se posicionando mais sobre a questão que as mulheres.
A maioria é contra a descriminalização do aborto

Esse resultado é semelhante ao da sociedade brasileira como um todo. Como mostrou a pesquisa de 2017 do Datafolha sobre o tema, na qual o índice de pessoas contrárias foi de 57%.
Excluindo as menções neutras, que se devem basicamente às notícias e piadas, e considerando apenas os comentários com posicionamento.

Quem fala não é necessariamente quem faz
Homens são os que mais falam sobre o tema nas redes, com mais de 60% das menções, mesmo sendo uma causa muito mais ligada às mulheres.

A diferença entre o que homens e mulheres falam sobre aborto
Além de falar mais, os homens são mais contrários à descriminalização do aborto do que as mulheres.


Exemplos de menções
(Favoráveis, neutras e negativas)
Clique na imagem abaixo ou arraste para o lado para ver os outros exemplos
Uma questão de opinião
Tanto entre os homens quanto entre as mulheres, a maior parte das menções são opiniões, com mais de 50% do total, seguidas pelos compartilhamentos.


Mesma forma, diferentes conteúdos
Se a divisão por tipos é parecida, quando olhamos os posicionamentos, a história muda. Fica clara a prevalência de menções contrárias nas opiniões, compartilhamentos e relatos entre os homens, o que não ocorre ao analisar o gráfico entre as mulheres, em que o equilíbrio de posicionamentos é maior, já que o cenário é de quase empate técnico entre as menções favoráveis e contrárias. Os comentários sem posicionamento se concentram principalmente nas notícias e piadas.


Cerca de 416.000 brasileiras abortaram em 2015.
Fonte: Humam Rights Watch.
Nuvens de termos
A cor das nuvens de termos nos revela o sentimento em relação ao tema. Menções contrárias à descriminalização são vermelhas, as neutras são amarelas e as favoráveis, verdes.



Influenciadores
Quem é quem no debate?
A separação entre os maiores influenciadores a favor e contra a descriminalização do aborto mostra bem quem são os representantes de cada grupo e como o debate aqui no Brasil tem um claro viés ideológico.


A cada dois dias, uma brasileira pobre morre vítima do aborto inseguro.
Fonte: Ministério da Saúde.


Nos dias 13 e 14 de julho, registramos pelo grande percentual de comentários contrários ao aborto, impulsionados pelo suposto repasse do governo para a ONG Católicas pelo Direito de Decidir. A história era falsa mas causou bastante repercussão nas redes sociais.

Acordou ou chegou no trabalho, começa o buzz nas redes: é entre 10h e 0h que o assunto é mais intensamente debatido.

Sudeste é a região com o maior número de menções – destaque para o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. O assunto também é bastante comentado no Pará, no Ceará, em Pernambuco, no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul.
Metodologia
Período analisado: 13 de julho a 22 de julho.
Total captado: 43.783 menções.
Tema pesquisado: monitoramento realizado a partir de termos relacionados ao aborto, postados de maneira espontânea nas redes, dentro do período analisado.
Ambiente de análise: foram analisadas as redes Twitter e Instagram, além de páginas do Facebook, de blogs e comentários de sites da internet.
Os dados de postagens pessoais no Facebook não são públicos.
Métricas selecionadas: número de menções, mapas de calor e nuvens dos termos mais citados no universo da busca.
Taxonomia e categorização: tipos de menções (opinião, compartilhamento, relato, notícia e piada).
Dados: primários e secundários.
Créditos
Coordenação-geral: Bia Pereira
Supervisão: Ana Cristina Gonçalves, Karla Mendes e Paula Santamaria
Direção de criação: Átila Francucci
Capa, projeto gráfico: Henrique Castro
Redatores: Lucas Quinelato, Marcelo Nascimento e Rodrigo Camargo
Planejamento: Bia Pereira e Rodrigo Camargo
Atendimento: Joana Araújo
Monitoramento: Lucas Quinelato, Marcelo Nascimento, Rodrigo Camargo
Análise: Lucas Quinelato, Marcelo Nascimento e Rodrigo Camargo
Produção digital: João Paulo Oliveira
Revisão: Ricardo Milesi
Realização: nova/sb
Levantamento encomendado pelo jornal O Globo.