Redes sociais e suicídio
Curtidas, comentários e depressão
As redes sociais surgiram há pouco tempo, mas entraram no cenário social com um forte chute na porta. Em poucos anos, tomaram conta de muitas horas gastas na web pelos internautas de todo o mundo. Depois delas, mudamos muito a maneira com que nos relacionamos, e até como vemos a importância das nossas relações.
Possuir mais de 300 amigos e não falar com nenhum, ficar triste por receber poucas curtidas na selfie ou sentir-se excluído por não ter seu pedido de amizade aceito são apenas alguns dos novos comportamentos gerados pelas redes. A constante necessidade de aprovação virtual tem exercido pressão demais para muita gente, que tem sentido os efeitos nocivos dessa nova maneira de nos relacionarmos.
Outros agravantes são, por exemplo, os casos de bullying, que antigamente ficavam apenas no ambiente escolar, mas hoje continuam 24 horas por dia também via redes sociais.
“Quantas curtidas são necessárias para fazer seu dia ficar melhor?”
Do total monitorado, 6,3% foram depoimentos de pessoas que falavam abertamente em suas redes sobre o desejo/experiência com suicídio. Também registramos do total monitorado 5,5% de relatos espontâneos sobre o tema. É pouco se compararmos ao total das menções, mas significativo quando analisamos que pessoas com pensamentos suicidas têm utilizado as redes como forma de desabafo. E como as redes recebem esse tipo de depoimento?
Estudos comprovam a relação do uso das redes sociais e o aumento dos casos de depressão e de ansiedade. Segundo estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, que entrevistou 1.787 adultos com idades entre 19 e 32 anos, os “heavy users” (usuários que passam grande parte do tempo na internet) têm quase três vezes mais chance de sofrer de depressão do que aqueles que conferem suas redes sociais com menos frequência.
Outro estudo realizado pela instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem, mostrou que 90% das pessoas entre 14 e 24 anos usam redes sociais. Em paralelo, aumentaram 70% os casos de ansiedade. O estudo também revelou que o compartilhamento de fotos pelo Instagram impacta negativamente o sono, a autoimagem, e aumenta o medo dos jovens de ficar fora de moda.
“As pessoas publicam apenas as coisas boas de suas vidas, como viagens, idas a bons restaurantes e momentos de festa com os amigos. Isso gera sentimentos de frustração, insegurança e pode desencadear depressão."
Ana Luíza Martins, psicóloga
Como um novo fato social, é preciso estudar e entender melhor como as redes sociais afetam nosso dia a dia. Foram as redes que apresentaram o incrível potencial de encurtar distâncias e manter por perto amigos que não fazem mais parte da nossa rotina, mas também têm apresentado efeitos nocivos, que afetam radicalmente a vida de muita gente.