Considerações finais
No momento em que decidimos monitorar o assunto suicídio não esperávamos tantas menções sobre o tema. Na verdade, a expectativa era de poucos comentários, já que ninguém falava sobre o assunto.
O longo processo de estudo e análise para definição dos termos de busca, visava encontrar o comportamento de usuários, principalmente em três pilares: pessoas com tendência ao suicídio, pessoas impactadas pelo suicídio de alguém e descobrir como o público em geral trata de um assunto tão importante.
Durante o processo, tivemos a estreia da série Os 13 Porquês e a explosão viral do crime cibernético da Baleia Azul, fatores que mudaram todas as expectativas sobre o monitoramento, gerando um buzz em dois meses de mais de um milhão de menções sobre o tema. Pudemos acompanhar a recepção do público em geral ao tema do suicídio de forma muito aberta, e por duas visões diferentes. Em uma delas, a recepção do público sobre Os 13 Porquês, que por incrível que pareça viralizou na web de forma muito positiva, levando mensagens importantes de conscientização sobre o tema. Por outro lado, tivemos o caso Baleia Azul, que foi, de maneira geral, tratado como piada nas redes sociais, ainda que muita gente tenha entendido o quão grave era o problema, poucos publicaram opiniões críticas em relação a esse assunto.
Em geral, o público mostrou que sabe pouco sobre o tema e sua relevância. Os números sobre suicídio atualmente, em todo o mundo, assustam muito. A sentença que silenciou o suicídio fez o problema crescer e se transformar em uma das principais causas de mortes do mundo, e em diversos segmentos etários diferentes.
Depois de analisar todos os dados, temos mais certeza da principal maneira de combater o suicídio: falar sobre. Por anos, o tabu de que falar sobre suicídio poderia influenciar outras pessoas reinou, e isso fez com que muita gente, por diversos motivos, principalmente depressão, não pudesse encontrar outra saída, como o diálogo, para evitar o suicídio. O remédio é falar, aceitar e compreender que o problema é grande e não pode mais ser escondido por debaixo de panos. É hora de ficarmos atentos, também nas redes sociais, para os principais sinais de quem pensa em suicídio.
Nós, que não conhecemos ninguém do monitoramento, pudemos ler centenas de relatos e depoimentos de pessoas que apresentam sinais de pensamento suicida, mas será que as pessoas próximas delas conseguiram notar esses sinais?
O Comunica Que Muda trabalha todos os dias, através de linguagem digital e de fácil interpretação, ensinando e mostrando como devemos agir e combater o problema. Não esqueça de passar nas nossas redes e também participar do debate, afinal: precisamos falar sobre suicídio.
Como Pedir Ajuda
Quando se fala em suicídio, o mais importante é que quem tem pensamentos suicidas procure ajuda. É fundamental saber que existe sim uma saída, e que você nunca está sozinho.
Além do apoio e acolhimento de pessoas mais próximas e de confiança, também existem outros caminhos para obter essa ajuda.
Depressão, ansiedade e outros distúrbios têm tratamento. Por isso, é fundamental que se busque ajuda profissional. Quem não tem condições de pagar por um tratamento, pode procurar os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que são instituições públicas destinadas a oferecer, de maneira totalmente gratuita, ajuda no campo psicológico.
Além disso, existe o Centro de Valorização da Vida (CVV), que presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio, sob total sigilo. Basta ligar no 141, ou acessar o site do CVV.
E para aquelas pessoas que perderam alguém para o suicídio e precisam de apoio, uma opção é o Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio.
Metodologia
Ambiente de análise: foram analisadas as redes Facebook, Twitter e Instagram, além de páginas de blogs e comentários de sites da internet.
Métricas selecionadas: número de menções, mapa de calor da intolerância e nuvens dos termos mais citados em cada universo de busca.
Taxonomia e categorização: positivos e negativos; assuntos (Baleia Azul, Os 13 Porquês, depressão, intolerância e outros); tipos (notícias, opiniões, relatos, depoimentos, citações e piadas).
Dados: primários e secundários.
Monitoramento realizado com o método de amostragem aleatória simples, com margem de erro de 2,29%.
Período analisado: abril e maio de 2017.
O monitoramento foi feito via plataforma Torabit.
Referências
- Mapa da Violência
- Falando abertamente sobre o suicídio
- Com 12 mil casos ao ano, Brasil pode ter semana para discutir suicídio
- Suicídio cresce 30% no estado de São Paulo, diz estudo
- Suicídio: é preciso falar sobre esse problema
- Noite feliz para alguns, depressão, solidão e ansiedade para tantos outros
- Onde vivem os brasileiros que mais sofrem com depressão
- Mapa da depressão: Brasil é o país com mais casos no mundo
- Mais de 5 milhões de pessoas no Brasil podem ter depressão: por que as mulheres são mais vulneráveis?
- Brasil é o 8º país com mais suicídios no mundo, aponta relatório da OMS
- Por que precisamos falar sobre o suicídio de jovens no Brasil
- Depressão: a doença silenciosa que pode levar ao suicídio
- Ensaio fotográfico mostra angústia de quem sofre de depressão
- Suicide Statistics — AFSP
- Por que os policiais se matam: pesquisa traz números e relatos de suicídios de PMs
- OMS: Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo o mundo
- Efeito Werther
- Prevenção do suicídio – Um recurso para conselheiros (Cartilha ONU)
- 6 sinais de comportamento suicida
- Por que o Japão tem uma taxa de suicídios tão alta?
- Prevenção do suicídio: Um manual para profissionais da mídia
- Busca por centro de prevenção ao suicídio cresce 445% após série
- Mapa da taxa de suicídio no mundo
- Jovem de 19 anos é preso por aliciar vítimas para o jogo ‘Baleia Azul’